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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Aves da "Pequena Terra"

"Pequena Terra" é uma quinta pedagógica situada entre os concelhos da Nazaré e Alcobaça, mais precisamente entre as povoações de Valado-dos-Frades e Maiorga.
Este trabalho consiste na ilustração das aves mais comuns e surge na sequência de um pedido feito à SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), no sentido de fazer o levantamento das espécies de aves selvagens que ocorrem naquela área.
4 saídas de campo e vários registos isolados resultaram, até ao momento, na identificação de 72 espécies.
O objectivo do projecto é a colocação de painéis interpretativos, salientando as espécies mais comuns e alguns aspectos relacionados com a sua biologia.
Em simultâneo realizam-se sessões de iniciação ao birdwatching, dirigidas principalmente a crianças do ensino básico, salientando a importância das aves e a necessidade da sua preservação.


Pardal-comum (Passer domesticus).

Reproduz-se em zonas habitadas, tanto em ambiente urbano como rural, nidificando em buracos nas paredes ou debaixo das telhas. No Inverno juntam-se em grandes bandos, alimentando-se em grupo de sementes e insectos que procuram junto ao solo.

É a ave mais abundante da “Pequena Terra”, observando-se sobretudo nos cercados dos animais, tirando partido do alimento que a estes é fornecido.


Pardal-montês (Passer montanus)

Espécie residente. É menos urbano que o pardal-comum, preferindo zonas agrícolas habitadas, onde nidifica em buracos, principalmente de árvores.

É uma ave granívora, juntando-se muitas vezes aos pardais-comuns, onde se pode confundir com os mesmos.

É das aves que mais utilizam as caixas-ninho da “Pequena Terra”.


Felosa-comum (Phyloscopus collybita)

Abundante no Inverno, sensivelmente entre Novembro e Março, mas rara durante a época de reprodução. Pode-se encontrar tanto em áreas rurais como em parques e jardins urbanos.

De comportamento irrequieto, procura insectos entre a vegetação saltitando de ramo em ramo e fazendo voos curtos e acrobáticos para os apanhar.

Na “Pequena Terra” vê-se com mais frequência na área de pomar situada a norte do celeiro.


Codorniz (Coturnix coturnix)

Espécie migradora de longa distância, chega em Maio para se reproduzir e parte para o Sul em Outubro. Sendo uma ave muito esquiva ouve-se com muita frequência mas raramente é vista.

Pode-se ouvir nos terrenos adjacentes à “Pequena Terra”, onde procria e se alimenta, tendo preferência por campos abertos de milho, searas, e pastos de trevo.


Rabirruivo (Phoenicurus ochruros)

Ave residente na maior parte do país. Reproduz-se tanto em zonas urbanas como rurais, nidificando em ruínas, povoações ou arribas e zonas montanhosas.

Alimenta-se de insectos que procura sobretudo pelo chão.

O macho utiliza com frequência os mesmos poisos, de onde canta para marcar o seu território.

Na “Pequena Terra” observa-se com regularidade na zona do celeiro.


Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula)

Discreto mas pouco tímido, observa-se e ouve-se durante todo o ano. Reproduz-se em jardins, bosques e parques, fazendo o ninho em troncos ocos, em taludes com vegetação ou em depressões por entre os musgos e folhas no solo.

Alimenta-se de insectos, caracóis, minhocas e bagas.

Não é muito comum na “Pequena Terra”, vendo-se por vezes a apanhar insectos e minhocas sobre a relva.


Andorinhão-preto (Apus apus)

Ave estival relativamente abundante, avistando-se em maior número nas vilas e cidades. Nidifica sobretudo debaixo das telhas e nos buracos de ventilação.

Passa a maior parte do tempo em voo, capturando insectos a grandes altitudes, sendo esta a forma como se observa nas imediações da "Pequena Terra".


Petinha-dos-prados (Anthus pratensis)

É das espécies invernantes mais comuns, observando-se em bandos ou isolada.

Ocorre sobretudo em terrenos amplos com pouca vegetação, onde se alimenta de insectos que captura no solo.

Vêem-se frequentemente na parte Sul da "Pequena Terra", onde se encontram terrenos de pasto e nos terrenos agrícolas das imediações.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Para acabar a saga Ria Formosa

Estes foram dois desenhos a grafite, trabalhados à posteriori com canetas de feltro... e um toque de aguarela no primeiro.


Oliveira centenária, cujo tronco deverá medir cerca de 1,5 m de diâmetro.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mais uns desenhos na Ria Formosa

O tão cobiçado Camaleão (Chamaeleo chamaeleon). Apenas um exemplar foi encontrado, tendo sido bem aproveitado pelos elementos da expedição.

Este desenho é um exemplo de uma sessão de esboços rápidos. Vários desenhadores à volta do modelo, mudavam de posição passados 5 minutos, procurando novas perspectivas do bitcho!

Também deu para fazer desenhos mais trabalhados, alguns finalizados a partir das fotografias que se tiraram!


Outro modelo interessante foi o Caranguejo-violinista (Uca tangeri). Cujo nome comum está directamente relacionado com o facto do macho apresentar uma das pinças hiperdesenvolvida.
Esta característica morfológica parece ter uma função apenas de exibição perante outros machos e atrair as fêmeas, não tendo qualquer utilidade na "luta corpo-corpo" ou na alimentação... salvo como petisco para alguns seres humanos.






sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

No seguimento do último post...
Desta vez os modelos são a aves!
A fotografia mostra um bando misto, de Seixoeiras (Calidris canutus) e Pilritos comuns (Calidris alpina).

A partir de um observatório de aves, junto a lagoa da Quinta de Marim, com o auxílio do telescópio, pude desenhar o Galeirão (Fulica atra) e o Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis).


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ria Formosa

Após uma longa ausência, regresso (espero que mais regularmente) com novos registos.

Começo por apresentar alguns resultados do trabalho de campo, realizado na Ria Formosa, em Maio deste ano.

Numa das noites de trabalho capturaram-se algumas rãs (Rana perezi), que após serem desenhadas foram devolvidas ao seu habitat.



Garça-real (Ardea cinerea) em repouso na Lagoa da Quinta de Marim.



quarta-feira, 29 de julho de 2009

Garçote (Ixobrychus minutus)

Desenhos realizados para a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) para ilustrar um artigo da revista "Pardela".















Sequência de esboços demonstrando o comportamento de caça do Garçote.







quinta-feira, 25 de junho de 2009

Mnemónicas Ornitológicas

…Era um final de tarde de Verão.

A avó descansava, sentada num saco cheio de batatas.

O dia tinha sido longo. Desde manhã cedo que ela e os seus três netos apanhavam as batatas que o pai e o avô arrancaram da terra com a enxada.

Agora era altura de carregar os sacos para o reboque do tractor que o pai e o avô tinham ido buscar a casa. Por isso, restava esperar que eles chegassem, aproveitando para algumas brincadeiras e zaragatas que o momento proporcionava.

De repente a avó exclamou:

– Olhem! Lá está o paspalhão!

– Paspalhão!? Aquilo é uma codorniz! Diz o neto mais novo.

– Não é nada! Responde a avó.

– Então não percebes o que ele diz?

– "Eu-eu, eu-eu, eu-eu! Paspalhão! Paspalhão! Paspalhão!" Oh tomem lá atenção!

Espantados, os netos deliciaram-se com as palavras da avó, reproduzindo o canto da codorniz, enquanto esta continuava a cantar espaçadamente, em intervalos regulares, à espera de atrair uma fêmea…

Este é apenas um exemplo das mnemónicas populares que reproduzem os cantos de algumas aves e da forma como têm passado de pais para filhos… ou de avós para netos... ao longo dos tempos.

Obviamente provenientes dos meios rurais, contextualizam quase sempre temáticas agrícolas e/ou religiosas. Estas expressões assentam na fonética auditiva das palavras e nem sempre é fácil reconhecer a associação, entre as palavras e o canto, que estas pretendem reproduzir.

A grande variedade de cantos que uma espécie é capaz de emitir, poderá confundir-nos e dificultar a identificação do(s) canto(s) que a mnemónica pretende reproduzir. Como é o caso do Chapim-real (Parus major).

Além disso é necessário dar a entoação correcta às frases. Tarefa que será mais fácil para aqueles que, sendo conhecedores dos cantos das aves, tenham também alguns dotes musicais!


Codorniz (Coturnix coturnix)

"...Eu-eu, eu-eu, eu-eu,

Paspalhão! Paspalhão! Paspalhão!…"

No caso da codorniz, a maioria das vezes não é possível aperceber-mo-nos da primeira parte do canto, pois é menos audível que a segunda. No entanto, com as novas tecnologias, hoje é fácil termos acesso a várias gravações de som e imagem, disponíveis on-line(1), onde será possível aperceber-mo-nos destas duas vocalizações distintas.

Há inclusive indivíduos que vocalizam apenas sons correspondentes à primeira parte do canto ("...eu-eu, eu-eu, eu-eu..."). Talvez este facto esteja directamente relacionado com indivíduos imaturos.

Outros reproduzem uma única vez o som dissílabo da primeira parte, antes de entoarem a segunda. Ou seja, é necessário ter em conta que o número de vocalizações, do mesmo som, que compõem um canto varia de indivíduo para indivíduo.


Chapim-real (Parus major)

1. "Semeia-milho, semeia-milho, semeia-milho, semeia-milho!"

2. "Trigo, semeia-trigo, semeia-trigo, semeia-trigo!"

O Chapim-real é uma das aves mais difíceis de relacionar as mnemónicas devido à sua grande diversidade de cantos. Para além de que nem todos os espécimes apresentam o mesmo repertório.

No entanto, das duas apresentadas, a primeira é relativamente fácil de identificar no canto desta ave.

Sendo esta mnemónica recolhida na zona de Alcobaça, onde as pessoas do campo chamam habitualmente "Ferreiro" ao Chapim-real (talvez por o seu chamamento se assemelhar a dois ferros a bater um no outro), esta faz referência ao nome vernáculo "Semeia-milho"(2), possivelmente proveniente de outra região.

Aproveitando este exemplo, convém salientar que, algumas destas mnemónicas, fazem referência a nomes vernáculos da espécie que representam. Podendo, tal como estes, apresentar variações de região para região.

Da mesma forma que, em alguns casos, os nomes vernáculos são, eles próprios, mnemónicas ao canto da espécie correspondente.


Rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos)

"...Nossa Senhora diiisse, diiisse, diiisse, disse,

Que enquanto o guião da parreira subisse,

Que não dormisse, que não dormisse, que não dormisse!"

Esta será, talvez, a mnemónica mais conhecida, ou pelo menos a mais difundida das que aqui são apresentadas.

É um exemplo em que o contexto, simultaneamente, religioso e agrícola fundamentam um comportamento do Rouxinol (cantar tanto de dia como de noite).

Chegando habitualmente em Março, altura em que as videiras começam a despontar as suas parras e guias, Nossa Senhora ter-lhe-á ordenado que cantasse de noite e de dia… talvez como "motivação" para a videira, proporcionando-lhe um crescimento saudável e produtivo!?

Ao relacionarmos esta mnemónica com o canto da ave teremos de ter em conta que nem todos os Rouxinóis cantam a mesma sequência de notas e "frases". A maior ou menor complexidade do canto poderá depender, entre outros factores, da idade de cada indivíduo. Assim, espécimes mais velhos terão, à partida, cantos mais elaborados.


Papa-figos (Oriolus oriolus)

"...já o engoliu!... já o engoliu!...já o engoliu!..."

Assentando também na fonética auditiva esta mnemónica reforça o nome comum da ave, referindo-se o artigo definido "o" ao "figo".

De todos os nomes vernáculos desta espécie o "Tiroliro"(3) destaca-se dos restantes por, de certo modo, fazer uma analogia com o canto aflautado e de notas ligadas, característico da espécie.

Sendo uma ave bastante discreta é mais vezes ouvido do que visto, cantando quase sempre escondido entre os ramos, onde facilmente se confunde com os verdes amarelados das folhas iluminadas pelo sol.


Trigueirão (Miliaria calandra)

"...Eeeh'na tem tanta raizzzzz!..."

À semelhança do Chapim-real, verifica-se também aqui um contexto agrícola. A frase refere-se à prática comum de arrancar plantas pela raiz, neste caso enfatizando o espanto, perante o raizame exagerado de uma delas.

Mais uma vez podemos encontrar alguns nomes vernáculos que, com alguma facilidade, também nos sugerem o canto do Trigueirão: "Tem-te-na-raiz", "Tentarraiz", "Tintarraiz" ou "Trinta-raízes"(4).


Tentilhão-comum (Fringilla coelebs)

"...Tem – tem - tem-tem qualquer coisinha pr'ó São Sebastião?"

Por último, e mais uma vez de contextualização religiosa, fica a mnemónica que talvez se possa considerar a mais difícil de reproduzir.

Pode também ser avaliada como a que melhor representa um canto de uma ave. Embora esta avaliação seja um pouco subjectiva, depende sobretudo da forma como cada um interpreta uma mesma mnemónica.

Para ajudar à reprodução da mnemónica do Tentilhão-comum, imaginemos um gago a pedir uma esmola para o São Sebastião!

Esta deverá ser reproduzida de forma inicialmente espaçada e acelerando até ao último "tem", mantendo a aceleração até ao fim da frase.

Deste modo consegue-se uma referência quase perfeita a um dos vários cantos desta ave.

Estas são apenas algumas de, quem sabe, muitas outras mnemónicas de cantos de aves espalhadas pelo nosso país. Principalmente pelas áreas rurais e por pessoas que, a estas estiveram ligadas, em algum momento das suas vidas.

Fazem parte da nossa cultura, da cultura popular, e representam o conhecimento empírico que as populações têm, ou tiveram, sobre as aves que ocorrem no nosso território.

A tendência natural é para que se perca este conhecimento à medida que as gerações mais velhas forem desaparecendo, sem que se tenha transmitido às gerações mais jovens.

Fica aqui o testemunho de algumas delas, pelo menos as que foi possível reunir... até ao momento!


1) http://www.rspb.org.uk/wildlife/birdguide/name/q/quail/index.asp#

http://www.youtube.com/watch?v=8Kl3idJwW1w

2) in COSTA, H.; ARAÚJO, A.; FARINHA, J. C.; POÇAS, M. C. e MACHADO, A. M. / Nomes Portugueses das Aves do Paleárctico Ocidental/ Assírio & Alvim/ 2000/ p. 159

3) in COSTA, H.; ARAÚJO, A.; FARINHA, J. C.; POÇAS, M. C. e MACHADO, A. M. / Nomes Portugueses das Aves do Paleárctico Ocidental/ Assírio & Alvim/ 2000/ p. 158

4) in COSTA, H.; ARAÚJO, A.; FARINHA, J. C.; POÇAS, M. C. e MACHADO, A. M. / Nomes Portugueses das Aves do Paleárctico Ocidental/ Assírio & Alvim/ 2000/ p. 155

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Phylloscopus collybita

Primeiros esboços de uma Felosinha (Phylloscops collybita), antes da arte final. | First sketches of a Chiffchaff (Phylloscopus collybita), before the final art.

Os desenhos preliminares | The preliminary drawings
Após um primeiro rendering de aguarela sobre o corpo da ave, achei que os pés eram menores do que eu os tinha representado e tive que os ajustar à realidade | After an initial rendering of watercolor on the body of the bird, I found that the feet were smaller than I had represented and I had to make this adjustment
E, finalmente, a arte final com pós-produção em Adobe Photoshop® para colocação da sombra | And finally, the final art with post-production in Adobe Photoshop® to placing the shadow.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Apresentação

Olá a todos! Acabei de criar este blog com o objectivo de mostrar algum do trabalho que tenho vindo a desenvolver. Pretendo também abordar muitas outras questões relacionadas com temas como a história natural, a ilustração científica e o design de comunicação.